Hoje os negros e negras organizados, os movimentos negros organizados e vários negros e negras e alguns seres humanos da etnia branca juntam-se para CELEBRAR o Dia Nacional da Consciência Negra. Louvável e acertada essa celebração. Mas enquanto houver nas famílias brasileiras, o conto de piadas e anedotas inferiorizando o negro e a mulher; enquanto houver nos púlpitos dos templos religiosos, mais ministros sagrados, brancos do que negros e negras; enquanto existir uma mídia branca, desconsiderando a presença maciça de negros e negras capazes de fazer publicidades e apresentadores de bons programas de televisão; enquanto existir instituições escolares festejando com ênfase a festa de Halloween e nada se fala sobre o dia 20 de Novembro; enquanto existir menos negros e negras no exercício do poder político; enquanto existir negros e negras disputando emprego nas instâncias dos partidos políticos e abandonando a luta do movimento negro; enquanto existir um plano nacional de assassinato a adolescentes e jovens negros; enquanto existir negros e negras se escondendo e se negando a participar da luta negra; enquanto existir um modelo de mercado eurocêntrico; enquanto existir entre negros e negras o medo de assumir a sua negritude; enquanto os atuais movimentos negros existirem falando apenas para negros e negras urbanos e esquecendo que a consciência não se faz apenas em 20 de novembro; enquanto os movimentos negros não forem às favelas, às periferias e subirem os morros, e lá trabalharem a consciência negra entre negros e negras; Não haverá CONSCIÊNCIA NEGRA, pois não podemos continuar confundindo negros em movimento com MOVIMENTO NEGRO. Em suma, que seja 20 de Novembro dia nacional da consciência negra, mas que seja o ano todo para de fato, ter-se o que celebrar e dançar!
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Domingos Barbosa dos Santos (Professor e Mestre em Filosofia)
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