Ainda tentando desvendar, a composição social de quem são, e o que move os protestantes que persistem ocupar as praças, ruas e estradas do Brasil, nos últimos dias, além de tentar caracterizar as classes de que são provenientes. OS MI, BILIONARIOS – A CLASSE – A – Dos grandes empresários, industriais, banqueiros, empreiteiros, latifundiários, da grande mídia, e do agronegócio, não tem problema e estão satisfeitos, nunca ganharam tanto, apesar da crise financeira internacional. Não pegam transito nem fila, fazem compras nos EUA e na Europa e viajam de helicópteros, iates e jatinhos… Possuem toda a garantia e a segurança das instituições da republica, estados e municípios, concessões publicas, financiamentos a baixos custos e longos prazos e a certeza de que das forças armadas, as policias civis e militares, federais, estaduais e municipais, todos sem exceção, sempre estarão a seu serviço, assim como os políticos e a justiça. Geralmente lucram muito e o resultado é transformado em patrimônio pessoal; Quando erram e perdem, o prejuízo é socializado com a nação, inclusive com os debaixo. Duvidam? Digo um nome Ike Batista! A CLASSE MÉDIA [A MAIS ESTRATIFICADA] NAS RUAS, QUEM SÃO? CLASSE MÉDIA B – Os funcionários de confiança de segundo escalão do executivo, legislativo e judiciário, professores e profissionais de nível universitários, pastores protestantes, microempresários bem sucedidos… CLASSE MEDIA C – O trabalhador operário, bancário, funcionários em geral, professores da rede publica, saúde, o bancário, o feirante, o comerciário, o agricultor, o recém [após muitos anos] empregados, alçado à condição forçada de classe média, o estudante, a maioria dos militantes. CLASSES D e E – Dos sem dinheiro, sem trabalho, sem moradia, da periferia, dos morros, das favelas, sem teto, sem terra, sem hospitais, sem educação, escolas publicas ou creches, sem saúde ou saneamento básico, transporte, equipamentos públicos, sem Teatro, quadras e campos, sem cultura, esporte ou lazer, sem democracia ou direitos: Os negros, os indígenas, os quilombolas, dos morros, sem territórios, sem vez, voz e visibilidade e sem comida. Os que acreditaram no marketing do governo e da mídia burguesa, que a miséria acabou no Brasil, sentem-se revoltados e não contemplados. Desnecessário e redundante falar em SEGURANÇA, depois de tudo isso. Até porque o que é segurança pra cada um deles? Para média A e B são os planos de seguro, grades, portões eletrônicos, câmera, seguranças particulares, é a policia protegendo seu patrimônio e reprimindo potenciais ameaças da periferia, os pobres e pretos. Para a média C, é a negação do ontem, da pobreza, a sensação de ser um “novo rico”, pelos padrões do PT, a defesa hipotética da garantia do que não possui, a incerteza se mantém, o filho na escola particular, o carro usado, a reforma da casa. se a TV de Led, a geladeira, o fogão novo lhe pertence ou ao financiador, por longos anos restantes de endividamento. Segue o mantra fazendo coro com a grande mídia e o governo, às vezes tem duvida se não prefere “chamar o ladrão!” MANIFESTANTES DO BRASIL RECÉM DESPERTADOS… Uma pequena parcela da Classe média A e B, insatisfeitos com as filas nos aeroportos, com a presença dos seus colegas da C e eventuais opostos da D, nos Shoppings, reivindicam privilégios, o retorno da hierarquização e estratificação social anterior, subvertidas, que hoje os igualam às demais classe média. Reclamam ainda envergonhados, os poucos empregos bem pagos [antes seus], reivindicam os negócios e empregos ocupados por alguns poucos apadrinhados dos políticos e as posições técnicas melhor remuneradas, ocupadas por estrangeiros. Reivindicam a alternância de poder e um governo seu. Parte significativa das Classes médias B e C, participante das manifestações, reclamam da pequena oferta de empregos, da insegurança profissional e financeira, do achatamento de seus ganhos e salários, do aumento dos juros, da gasolina, dos pedágios, da ausência de policia e justiça que puna os que as ameaçam. Insatisfeitos porque estão endividados e sem dinheiro para continuar suprindo os seus desejos de consumo. Sonham em se equiparar aos de cima, por isso, reivindicam tratamento diferenciado em relação aos logo abaixo. Parcela expressiva da população, com menor participação nos protestos, as classes D e E, que trabalha de sol-a-sol rifando o almoço para defender a janta, os que não possuem qualquer renda, que vivem da aposentadoria dos avós,do miserável salário mínimo, ou dos programas do governo, foram impedidos ou inviabilizados pelo cansaço, falta de dinheiro, vontade, desconfiança, incredulidade, alienação ou desesperança participar massivamente dessas manifestações políticas. Mas eles estavam lá, em número representativo. Razões difusas nos impede precisar os percentuais de participantes em cada seguimento. A grande mídia, o governo e a policia estão mais interessadas em confundir do que informar, são os principais responsáveis pela desinformação. Falam em 1 milhão de pessoas nas ruas, obviamente subavaliando-as, de modo a reduzir a importância do movimento. Quiçá a academia, hoje por demais alienada, afastada das questões sociais, resolva fazer algum estudo serio sobre essa composição. Visualizando a composição social predominante, realmente parece ser as classes Medias B e C, e um percentual menor da A, D e E. A classe burguesa A, fez-se presente massivamente, com toda a violência, através da repressão do estado e suas policias. PROVOCAÇÃO, VIOLENCIA E REPRESSÃO DO ESTADO. Um seguimento, entretanto, sobressai graças às criticas e a condenação da mídia, das autoridades, da sociedade e da policia: Os vândalos, os arruaceiros, os tumultuadores! Quem seriam eles? Há registro de varias denuncias de policiais íntegros e honestos, da infiltração de policiais paisanos, ordenada pelos comandos, e de ex-fascistas arrependidos, da presença dos ultradireitistas, nazifascistas, com o objetivo de atrair e generalizar a repressão provocando o terror na população. Provas cabais e fotográficas dessas provocações por soldados da tropa, sem identificação, comprovam a oficialidade delas. Bombas e balas de borracha atiradas a 200, 300 metros em meio de manifestações tranquilas, motivando as revoltas e as quebradeiras. Vídeos e fotos de bombas atiradas em apartamentos, e automóveis, bem como em manifestantes pacatos, mulheres e crianças. Contudo, governos, mídia e a policia são coniventes, defendem os transgressores e fazem vistas grossas para estes fatos. Neste seguimento há a categoria dos sem classe, sem esperanças e sem nada, que por insatisfação, ingenuidade ou consciência, reagem à repressão policial, com as armas que tem, repudiando aquilo que os mesmos representam: A omissão às políticas e direitos sociais e a brutalidade com o que são tratados anos após anos pelo governos brasileiros. Repudiam a proteção a propriedade e a riqueza, a mentira e o conluio com a mídia, a criminalização que sofrem por conta da burguesia, pequena burguesia e das classes médias racistas, preconceituosas e discriminatórias. Aliás, é nesse seguimento que se encontram as vitimas preferenciais do genocídio da população, e o extermínio da juventude negra. Uma geração que sente na pele, em seu dia-a-dia, que a vida não vale nada, para o estado e para a sociedade. Sabem que seu destino, culpados ou inocentes, é a PENA DE MORTE ILEGAL, que não sensibiliza, constrange ou recebe a solidariedade de ninguém, por isso reagem e enfrentam a policia, que mata, em uma verdadeira Guerra não declarada, do estado brasileiro contra negros, pobres e inocentes. Fazendo o serviço sujo, para o qual os políticos se fazem de Poncius Pilatos, desinteressados em fazer o bem para o povo e a nação. Os descuecados, descamisados, os desesperançados da nação, os sem olhares do poder publico, que só os veem de 02 em 02 anos na época das campanhas eleitorais, ao expressar sua indignação, e quem na realidade pagam o pato, há 14 presos no Rio de Janeiro, por conta das mobilizações, mas nenhum provocador policial, nazifascista ou classe média foi identificado e preso, até agora. Os casos de identificação e detenção de um ou outro “vândalo” de classe média, foram liberados sem que suas identidades reais fossem divulgadas. Serão identificados ou punidos algum dia, ou serão protegidos como os assassinos queimadores do índio Galdino em Brasília, ou o irresponsável filhinho de papai Ike Batista? O “vandalismo” denunciado pela mídia, a policia, e a classe média, portanto, ajuda ou atrapalha? Traz mais ibope aos programas sensacionalistas, aterroriza ou faz avançar as conquistas? AS DIREÇÕES…. A falta de foco e direção salta a vista nas manifestações. A direita incentiva a desorganização, recusando bandeiras e direção para o movimento. Fato que deseduca os favorece na retomada quando tudo se acalmar, por isso incentivam a palavra de ordem contra as bandeiras partidárias e sindicais, tipicamente de esquerda. Esperam que quando o rio voltar ao leito natural, eles serão beneficiados em função de seu poder financeiro e midiático. Podem dar com os burros n´agua! As esquerdas por seu turno, que perderam a tradição, sobretudo nos últimos 10 anos, de dirigir e mediar essas contradições, na medida em que ascenderam às classes B e C e por fidelização e gratidão a partidos e governos que os acolheram e profissionalizaram. Afastaram-se perdendo o feeling da relação com os movimentos sociais. Agora, não sabem o que fazer, considerados ilegítimos para assumir uma direção propositiva neste processo. É o preço à pagar por renegar de maneira oportunista ao marxismo e a classe, podendo perdurar por mais tempo do que o desejado essa repulsa popular, favorecendo à direita. As esquerdas restam voltar aos ensinamentos do velho barbudo, abrir mão do peleguismo no qual o governo democrático-popular os meteu, se desvinculando das praticas traidoras, voltando as bases, aos princípios e à ética revolucionaria, que um dia os motivou. Os setores do MN cooptados pelo governo, que optaram pelo Projeto Político dos Donos da Casa Grande, do Agronegócio, Empreiteiras, Bancos e Mineradoras, afrontando o nosso protagonismo enquanto Povo NEGRO, por migalhas, nos obriga a refletir sobre a falência dessas Organizações, fazemos um chamado a base dessas organizações que se rebelem, demonstrando o pouco que ainda resta de vida nas mesmas ….. A convocação de Assembléias Populares, por bairros, cidades, estados e nacionais, com poder deliberativos sobre direitos gerais e específicos, que se articulem de modo a dar voz e vez a toda população, criando comitês de organização e luta, para que organizem, aprofundem e garantam as atuais e futuras demandas e conquistas.
Valneide Nascimento dos Santos Secretária Geral da NSB Presidente do Instituto Nacional Afro Origem
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