1. Qual desafio da NSB para os próximos 3 anos?
O nosso maior desafio é enfrentar o racismo enraizado na estrutura das relações políticas e sociais do país. Para os próximos anos, trabalharemos para que a Negritude Socialista participe mais ativamente das instâncias de poder e de decisão, seja por meio de mandatos eletivos, seja fortalecendo o segmento nos níveis municipal, estadual e nacional. Lutaremos pela implementação do Estatuto da Igualdade Racial, bem como pela criação de delegacias especializadas no combate ao racismo e à violência nos quatro cantos do país. Outras reinvindicações da NSB é a manutenção e o aperfeiçoamento das cotas para negros e negras, aplicação efetiva do ensino afro-brasileiro nas escolas públicas, ampliação da cultura de paz e da pluralidade religiosa, e ainda, a redução do feminicídio e de crimes contra os jovens negros e negras. Seguiremos firmes nas trincheiras de luta e resistência.
2. Como o segmento irá trabalhar por mais engajamento na política?
Fortalecendo a NSB nos Estados, investindo e criando condições para que os militantes tenham acesso à formação política. Nosso planejamento estratégico prevê uma série de ações para engajar negros e negras. Dentre elas está a organização do I Encontro Latino-americano dos povos afro latinos. Envidar esforços, organizar e promover o I Encontro Latino Americano dos povos afro latinos. Sendo o local do encontro. Também queremos abrir um canal de comunicação entre a NSB e a sociedade civil e o poder público, sobretudo, nos Estados onde o índice de criminalidade contra a juventude negra vem aumentado. Outra ação prevista é visitar todos os estados onde a NSB estiver organizada e criar as condições de organizá-la nas demais unidades da federação.
3. Quais as principais conquistas da Negritude Socialista nos últimos anos?
Nestes quatro anos de gestão da Negritude Socialista Brasileira, de 2017 a 2022, investimos fortemente na formação política da militância, para que negros e negras pudessem disputar as eleições com um maior aporte intelectual. Hoje estamos organizados em 25 estados e no Distrito Federal, possuímos executivas qualificadas em todos os âmbitos, seja, municipal, estadual e nacional. Como fruto de nossa organização, hoje há um número significativo de afrodescendentes filiados ao PSB em todo Brasil, cerca de 3.800 militantes, e gradativamente, temos conquistado uma maior representação política, que é o nosso maior desafio. A caminhada foi longa e com muitos desafios, mas não desistimos em nenhum momento.
4. Para o segmento, quais os principais avanços aprovados no novo programa do PSB?
O PSB compreende que a luta antirracista está indissoluvelmente ligada a uma estratégia civilizatória de igualdade social pela qual o partido luta. Nesse sentido, na autorreforma, o partido defende a necessidade do aumento da representação das negras e dos negros nos poderes executivo, legislativo e judiciário, e, nos demais espaços de poder. Para o partido, as demandas dos movimentos negros não se restringem à questão racial, mas também se relacionam com problemas sociais, econômicos e culturais que incidem sobre a população negra. Outro avanço é que o PSB reconhece que as nuances do racismo institucional precisam estar inseridas na lei de criminalização da discriminação racial, para que o crime de racismo, tipificado no art. 5º da CF, tenha eficácia nos casos concretos. A criminalização da intolerância religiosa, o ensino da história afro-brasileira nas escolas, a demarcação de terras ocupadas por descendentes de quilombolas, a proibição de diferenças de salários por motivo de raça , dentre tantos outros, também são pontos importantes para negros e negras abordados na autorreforma do partido.
5. É notório o avanço de forças políticas de extrema-direita no mundo. No Brasil não é diferente. Na sua opinião, qual o papel dos movimentos sociais para enfrentar isso?
Os movimentos sociais são essenciais para o enfrentamento aos retrocessos da extrema-direita. A nossa articulação e organização são determinantes para a formação de uma sociedade democrática. Somos a voz de pessoas excluídas e oprimidas socialmente. Nossa existência e articulação são essenciais para esse enfrentamento.