A sociedade brasileira acostumou-se às benesses da vida social dominadora, uma herança maldita dos tempos da escravidão. É tão insana essa mentalidade que nem se dar conta dos males e danos causados à população negra.
O negro no Brasil é mais ou menos. Do tipo, é mais pobre e menos alfabetizada, é mais periférica e menos respeitada. É a maioria da população e menos expressivas nos órgãos de poder e de decisões, em todas as instâncias, tanto pública quanto privada. O Professor Silvio Almeida definiu com tanta clareza o racismo estrutural e a forma como o racismo é reproduzido, deixando claro
a certeza de que só tem duas maneiras de reprodução do racismo. Qual seja, aquela feita de maneira consciente e propositadamente e aquela feita por ignorância e desconhecimento. como se fosse normal e natural o desprezo sofrido. Apesar da maioria da população negra no Brasil, ser aproximadamente 55% segundo dados do IBGE, essa população, é também a menos aceita no mercado de trabalho. O Senador Paulo Paim, que foi Vice Presidente da CPI do Assassinato de Jovens Negros e, também relator da Lei do Estatuto da Igualdade Racial, fez uma fala tão forte e significativa, que preferimos reproduzi-la aqui, respeitando a fonte: “Eu, como todo negro, posso citar uma dezena de situações de racismo que vivi. Se uma pessoa de pele negra, independentemente da posição social, disser que jamais viveu um episódio de discriminação na vida é porque se trata de uma ferida tão profunda que ela prefere silenciar para não voltar a sentir a dor.” Fonte: Agência Senado.
Em nossa modesta avaliação, o racismo é como um vírus mutante, de tão sutil, é o seu hospedeiro, ele pode se apresentar de forma multifacetada. Às vezes, na forma de uma piada de mau gosto, em uma brincadeira sem graça ou na forma convencional ensinada nas escolas e dentro das instituições de trabalho, que, quando menos se espera ele acontece e de maneira repetida vai se normalizando, repetindo-se e permanecendo no imaginário popular, de modo que até os próprios negros o reproduzem. Devem ser constantes a atenção e o cuidado no combate ao racismo para se evitar as ciladas e as armadilhas do cotidiano. Nos tempos atuais, é bem assustador os noticiários de resgates de pessoas trabalhadoras vivendo a situação de escravidão. Nas cidades, acontecem com frequência as violentas abordagens das forças de segurança. Prova de que a herança da casa grande existe e é bem viva na cultura dos exploradores. Sem inclusão dos negros a democracia não se completa. Mas isso todos já sabem. Então porquê tanta resistência? Ou será medo do viver em condições de igualdade?
Adm. Euclides Vieira – Secretário de Planejamento da Negritude Socialista Brasileira