Teve início, nesta quarta-feira (5), o “Workshop sobre microcrédito”, realizado pela Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), na sede da autarquia, em Brasília (DF). Durante a manhã, representantes de entidades públicas e privadas se apresentaram e falaram um pouco sobre suas experiências com microcrédito.
Além do superintendente da Sudeco, Antônio Carlos Nantes de Oliveira, e de técnicos da Superintendência, participam do encontro: o prefeito de Flores de Goiás (GO), Jadiel Oliveira (PR-GO); Domingos dos Santos, da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir); Rodrigo Vilela e Fernanda Niacós, pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB); Miguel Vicente, da Credimais Soluções e Negócios; Carmem Lúcia, do Banco do Povo; Valneide dos Santos, do Partido Socialista Brasileiro (PSB); Silvia Rita de Souza, da Secretaria de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres; John Carth, da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi); Wilma de Andrade, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres; Alex Araújo, do Banco Nacional do Nordeste e Alessandra Brasil, Júlia Zamboni e Alberto Albino, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).
O superintendente da Sudeco abriu o evento ressaltando a importância do governo estar próximo ao povo para entender as suas reais necessidades. “Queremos proporcionar com o microcrédito aqui no Centro-Oeste uma experiência similar à que comoveu Bangladesh (país Asiático) anos atrás. Aliás, onde se tentou o microcrédito a resposta foi sempre positiva, por isso queremos ampliá-lo no Brasil. Precisamos, no entanto, de uma infraestrutura mínima e, para isso, o cooperativismo de crédito tem sido a solução. Não é fácil, mas com uma conjunção de esforços e uma preocupação real com os pobres creio que será possível”, analisou.
O prefeito de Flores de Goiás (GO), Jadiel Ferreira de Oliveira, gestor do primeiro município que deverá ser contemplado pelo projeto piloto de microcrédito da Sudeco, afirmou que Flores tem grande potencial produtivo, porém, atualmente subaproveitado. “Produzimos frutas, arroz e peixes, especialmente tilápia, da melhor qualidade. O que precisamos é de investimentos, temos que dar dinheiro ao povo para que surjam novos empreendedores. A verba deverá ser destinada, sobretudo, à mecanização dos sistemas e à irrigação das lavouras”, comentou.
A assessora técnica da Superintendência, Valéria Maria Pinheiro, uma das idealizadoras do projeto, afirmou que a ideia de trabalhar com microcrédito surgiu da necessidade de investir nos pequenos para alcançar grandes resultados. “Nosso intuito hoje é travar uma discussão sobre microcrédito e trocar experiências sobre essa temática. Estamos mergulhados de cabeça para oferecer oportunidades, dentro do que está ao nosso alcance, para os municípios atendidos por nós. Por isso, a discussão hoje vai girar em tornos dos temas microcrédito, quilombolas e capacitação do povo para a subsistência”, explicou.
O secretário de Políticas e Ações Afirmativas da Secretaria Nacional de Política de Promoção da Igualdade Racial, Domingos Barbosa dos Santos, ressaltou a necessidade de políticas públicas voltadas para a população negra e quilombola. “Temos em Salvador (BA), a maior população negra do País, mas a maior parte está na pobreza ou encarcerada. Por isso, cabe a nós neste momento de crise criar políticas e projetos para fazer a diferença”, afirmou.
A secretária de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres, Silvia Rita de Souza, também falou sobre a importância do recorte de gênero na questão do microcrédito, visto que as mulheres correspondem a 51% da população brasileira e são potenciais empreendedoras. “Mulheres sustentam lares, criam filhos sozinhas, são cuidadoras de pais e idosos e precisam desta atenção e deste apoio”, finalizou.
O workshop segue na parte da tarde, quando haverá apresentações, seguidas de um coffee break e de uma roda de discussões.
O PROJETO DE MICROCRÉDITO
O público alvo do projeto piloto de microcrédito da Sudeco são os quilombolas e outras populações que se encontrem em situação de vulnerabilidade. A ideia é formular uma política pública que vinculará o microcrédito a centros de capacitação, sendo Flores de Goiás a primeira cidade a ser atendida. A união dessas duas vertentes (microcrédito e capacitação) permitirá emancipar comunidades vulneráveis a partir da cultura delas.