É necessária uma profunda compreensão do histórico das relações entre o homem branco, patrão dominante, e da mulher negra, escrava submissa. O entendimento se faz quando se tem a perfeita noção de que a luta é de todos e que somente quando todos estiverem nesse processo seremos uma via de mão única para as devidas mudanças. Tem havido uma mitigação progressiva das marcas de preferência étnica na sociedade brasileira, visto que, nos dias correntes, há maior disponibilidade de produtos e serviços de toda ordem especificamente para negros. Contudo, essas conquistas têm de ser afirmadas e reiteradas constantemente. Nesse sentido, é essencial aprofundar o debate entre todas as comunidades, inclusive as mais abastadas, a fim de sedimentar uma compreensão plural das questões étnicas. Em última análise, o que se objetiva é a formação de uma genuína sociedade multirracial destituída de preconceitos. É fundamental o papel do homem branco na luta negra, com brancos sensíveis à questão racial. Para nós, mulheres e negras, a conquista em vários setores de nossa sociedade se fez por meio de muita luta e reconhecimento das desigualdades. O Brasil assinou e ratificou a CEDAW em 1º de fevereiro de 1984 e se obrigou a eliminar a discriminação contra a mulher em seu território. O Estado brasileiro desenvolve ações para que se atinja igualdade de gênero (saúde da mulher, cabe ressaltar outubro rosa, ampliação da licença maternidade, Lei Maria da Penha). Também é significativo lembrar o dia 24 de fevereiro, quando foi assegurado à mulher o direito de votar e ser eleita, em 1932. Resta, uma vez mais, conclamar a todos para que o respeito às mulheres, principalmente as mulheres negras, efetive-se no dia a dia, de modo que os direitos reconhecidos em diversos dispositivos normativos internos e externos ganhem forma concreta.
Valneide Nascimento dos santos
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Autor: Valneide Nascimento dos Santos
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