O Brasil deve levar dois séculos, desde a abolição da escravatura, no fim do século XIX, para equiparar a renda de negros com brancos, isso se a tendência de redução da desigualdade dos últimos 20 anos for mantida. A conclusão é do relatório “A Distância Que Nos Une”. De acordo com o estudo, negros e brancos terão rendas equivalentes apenas em 2089 — a Lei Áurea, foi promulgada em 1888. Em relação à disparidade de salários entre gêneros, as mulheres tendem a passar a ganhar como os homens um pouco antes, em 2047.
Os números obtidos pelo estudo mostram que os negros recebem menos que os brancos mesmo com a mesma escolaridade: enquanto brancos com diploma de nível superior recebem R$ 4,1 mil, em média, negros com o mesmo nível de graduação escolar ganham R$ 2 a 3 mil (media geral). Segundo um estudo, um médico negro ganha aproximadamente 88% do salário de um médico branco.
SITEMA TRIBUTÁRIO MANTÉM DESIGUALDADE
A desigualdade por gênero e por raça foi apenas um dos recortes feitos pelo relatório da Oxfam. Segundo o índice de Gini, que avalia a disparidade de renda, o Brasil é o 10º país no ranking dos mais desiguais do mundo. A diferença de renda entre os mais ricos e os mais pobres aqui é maior que em países africanos, como Ruanda e Quênia. O estudo da Oxfam também aponta os principais fatores para a manutenção da desigualdade no Brasil: o sistema tributário, que pesa mais sobre os pobres que sobre os ricos; a discriminação de gênero e raça; e o que o estudiosos chamaram de “falta de espírito democrático e republicano no sistema político brasileiro”.
Temos uma democracia privatizada, capturada pelos interesses privados de distintas formas. Temos um Congresso, hoje, que ‘representa’ porque foi eleito, mas que não retrata o que é a nossa sociedade. O Congresso é formado majoritariamente por homens brancos, em um país de maioria formada por mulheres em relação ao gênero, e por negros e pardos, do ponto de vista racial Decisões recentes do Congresso, como a implementação do teto de gastos e a reforma trabalhista são vistos com pessimismo pela coordenadora do relatório. Maia cita um estudo do Banco Mundial que aponta que, apenas neste ano, o Brasil terá 3 milhões de pessoas retornando à condição de pobreza.
Fonte: globo.com