Quilombolas de diversas região do Brasil protestaram em Brasília, nesta quarta-feira (10), pela regularização de territórios e pela garantia de direitos das comunidades. Durante a manhã, grupos do Espírito Santo, Tocantins , Goiás, Mato Grosso e Pernambuco, entre outros estados, participaram de uma conferência chamada de “Aquilombar” , onde debateram temas como educação, racismo, violência, saúde e agricultura quilombola.
Por volta das 14h, eles saíram do prédio da antiga Funarte e caminharam até o Congresso Nacional. Pelo menos duas faixas do Eixo Monumental foram ocupadas.
Um carro de som acompanhou o grupo, e lideranças usaram o microfone para dizer palavras de ordem como “Pela terra e pela vida, marcharemos”. Os quilombolas também carregaram faixas que cobram direitos: “Educação escolar quilombola já!”, dizia uma delas.
O ato é organizado pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), e foi acompanhado pela Polícia Militar do Distrito Federal. Os participantes também cantaram músicas quilombolas e pediram a saída do presidente Jair Bolsonaro (PL) do poder.
O grupo chegou ao Congresso Nacional por volta das 15h30 e ocupou o gramado. Até a última atualização desta publicação, não houve registro de ocorrências.
De acordo com dados dos dados da Coordenação Geral de Regularização de Territórios Quilombolas (DFQ), ligada ao Incra, a titulação dessas terras caiu 62% entre 2019 e 2022, na comparação com os quatro anos anteriores. Se comparada ao período de 2011 a 2014, houve uma redução ainda maior, de 78%, na emissão de títulos para os povos remanescentes de Quilombos.
A CONAQ afirma que 1.748 pedidos de comunidades quilombolas pela regularização aguardam análise no Incra. Outros 55 processos aguardam conclusão do processo de titulação.
Os grupos contestam ainda projetos como a PEC 215, que delega exclusivamente ao Congresso Nacional o poder de demarcar terras de povos tradicionais, e o PDL 177/2021, que autoriza o Brasil a sair da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
A convenção trata do respeito às culturas e ao modo de vida dos povos tradicionais e reconhece os direitos deles à terra e aos recursos naturais.
A secretária Nacional da Negritude Socialista Brasileira do PSB Valneide Nascimento dos Santos participou e disse que “ A comunidade quilombola veio mostrar como se faz política com democracia e responsabilidade para o povo negro quilombola”.
Ela também destacou a importância de eleger Lula/Alckimin para voltar a dar visibilidade ao povo negro no Brasil através da educação, trabalho e renda para as comunidades quilombolas. “Nossa esperança está voltando elegendo Lula no primeiro turno e fazer nosso povo voltar a ser felizes e resgatar sua autoestima para continuar nos campos e com seus familiares nas suas comunidades prosperando e garantindo o pão de cada dia”, concluiu.