“Direito à comunicação”, como se conhece hoje, não foi sempre bandeira nem expressão que fizesse sentido até a radicalidade das transformações impostas pela presença das tecnologias de comunicação de massa em nossa experiência e o controle da difusão de informações e cultura por indústrias globais.
A par- tir daí, a já tão debatida questão de quem tinha o direito ou privilégio de nar- rar assume de vez o primeiríssimo plano, passando a demandar ainda novas formas de participação nos meios de comunicação por parte de todos aqueles que desejassem efetivamente ter voz. O avanço da internet, responsável por alterações significativas nas formas de so- ciabilidade mundo afora, não dissipou o paradigma da correspondência entre visibilidade midiática e existência política. Assim, as relações de poder assimé- tricas nessas disputas – onde visibilidade é elemento chave – não apenas podem ser lidas em continuidade, como seguem exigindo dos grupos em histórica des- vantagem estratégias que sejam cada vez mais sofisticadas, que não se restrin- jam apenas à capacidade de produção de narrativas alternativas. A demanda por apropriação do conhecimento sobre as novas tecnologias, no que diz respeito às suas especificidades técnicas e políticas, tem sido, não por acaso, pauta frequente para comunidades e movimentos sociais organizados em torno das mais diferentes identidades e causas. Visibilizar-se, nesse contexto, não signifi- ca apenas saber articular outras versões dos fatos, mas sim dispor de capacidades para tornar narrativas verossímeis, fazer com que determinados problemas sejam reconhecíveis mesmo por aqueles que não os sofrem diretamente. A prática de ativistas/pensadores negros ou simplesmente comprometidos com a superação do racismo oferece um bom exemplo de como ampliar a legi- bilidade de problemas que impactam a todos, mas que não são reconhecidos nessa escala. Trata-se, hoje, de uma estratégia tradicional de enfrentamento do racismo combinar discurso militante à produção de indicadores, a fim de revelar, de forma objetiva, os danos que o racismo tem causado à população negra nas mais diversas dimensões (saúde, educação, segurança pública etc.). Seminário Direito à Comunicação e Justiça Racial
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Fonte:Portal Portal Geledés
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